Aprendendo


Esses dias, no comecinho de setembro, percebi que não sabia falar se o assunto não fosse dor. É inegável: me apeguei à infelicidade e é por isso que parece que não consigo me livrar dela. Mas enfim chegou a hora de tentar, pelo menos. Não me levem a mal; não é desistência se eu estive lutando sozinha esse tempo todo. 

Hoje eu sei que desapego vem aos poucos, em doses homeopáticas pra não machucar tanto. Dói muito tentar não saber mais da vida do outro, mas o que a gente pode fazer se o outro não quer mais saber da nossa? 

Estou aprendendo a falar, feito criança. As palavras estão um tanto ressecadas na garganta ainda, mas antes tremer a voz sozinha do que ouvir alguém mais falando por mim. Estou aprendendo a andar sem usar ninguém como muleta, porque minhas partes aleijadas eu prefiro suportar sem ajuda. Tenho mancado muito, é verdade, mas é melhor mancar sozinha do que percorrer o caminho inteiro sendo empurrada. Vai demorar pras feridas se curarem, mas hoje eu sei que a dor faz parte de qualquer cicatrização. 

A solução é seguir os conselhos que tantos distribuem por aí: se preservar, acima de tudo. Acreditar que o futuro vem, mas que, ao contrário do que dizem, ele espera sim. Ter paciência. E, o mais importante, saber desapegar quando chegar a hora. 

(Desculpa, amor, mas hoje tô colocando nossas memórias no vaso sanitário e dando descarga. Que alívio.)

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