Desabafos doídos de um dia demorado



O giro do mundo para, embora a vida continue a escorrer pelos dedos, como correnteza que leva tudo no caminho (rápida, reinante, ruína). E eu me posto em frente ao espelho pra encarar essa imagem desgastada, mas acabo não enxergando muito mais que uma existência incompleta (lânguida loucura longínqua). Percebo que sou feita de pequenas mortes, escleroses diversas que me fazem implodir pra dentro de mim (doce dança duradoura). Sou fruto dessa ansiedade que nada cura, da sede afetiva que nem o mais profundo dos contatos aplaca, do amor que vira aborto ao encarar essa imensidão iluminada (carência colorida e cariada). E esse medo intragável da normalidade me aprisiona, enquanto eu vago feito vespa voluptuosa pelos vagões vazios, lembrando constantemente da falta que me faz ser eu mesma.

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